Dissertação – Conceitos geométricos, deslocamentos e localização espacial de estudantes com cegueira congênita

Autora: Fernanda Hillman Furlan

Orientadora: Profª Drª Neila Tonin Agranionih

Ano de publicação: 2016

Unidade temática: Geometria

Conteúdos específicos: posições relativas entre retas do plano (paralelismo, perpendicularidade e concorrência)

Ano/série escolar: Ensino Médio

Público: educandos com ou sem deficiência visual


Importante! Todo o conteúdo desta página foi retirado de Furlan, F . H. (2016). A Acessiteca apenas apresenta um recorte do trabalho, a fim de facilitar a visualização dos materiais.

Materiais

Como recursos para trabalho na intervenção, foram utilizados o Multiplano, os sólidos geométricos adaptados com texturas diferenciadas, folhas grossas de EVA com papel espesso sobre ele para desenhar e lápis de escrever e a própria sala de aula com a disposição das carteiras.

O Multiplano (Figura 1) é um material que se aproxima de uma tábua perfurada, na qual são encaixados pinos coloridos, para facilitar o trabalho dos estudantes com baixa visão, e identificados em Braille, nos quais podem ser encaixados elásticos, hastes, placas e outros materiais fornecidos no kit. É um recurso que possibilita a comunicação entre o professor e o estudante por meio de uma representação concreta dos conteúdos matemáticos.

Figura 1 – Multiplano

Os sólidos geométricos são estudados na disciplina de matemática, desde os Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Os utilizados na intervenção pedagógica (Figura 2) possuem texturas diferenciadas para identificar as faces, arestas e vértices desse material.

Figura 2 – Sólidos geométricos adaptados para pessoas com deficiência visual.

As folhas grossas de EVA sob papel espesso proporciona a formação de um relevo ao desenhar com um lápis de ponta mais grossa no papel. Dessa forma, o estudante com uma mão desenha e, com a outra, passa os dedos sobre o traçado, de forma a perceber o traçado que já foi feito. Com mais atenção, pode-se perceber que o contorno do triângulo ficou em relevo no verso da folha (Figura 3).

Figura 3 – EVA com triângulo desenhado

Possibilidades de aplicação

Com o auxílio do Multiplano, foram montadas figuras que representam cada uma das posições entre retas, utilizando pinos nas extremidades e elásticos para representar as retas. Iniciou-se com as retas paralelas, ressaltando que a distância entre elas é sempre a mesma. O recurso para trabalhar essa posição entre retas foi proposital, pois foi o único que possibilitou que os participantes medissem a distância entre as retas por meio da contagem de furos no Multiplano. Na sequência foram trabalhadas as retas concorrentes, com a representação feita no Multiplano. Destacou-se o fato das retas concorrentes caracterizarem-se por terem apenas um ponto em comum. A última posição entre retas abordada foi a de retas perpendiculares.

Figura 1 – Retas Concorrentes no Multiplano

O ângulo foi explorado como espaço compreendido entre duas semirretas e como giro. Em relação à medida de noventa graus, foram feitas duas comparações com representações conhecidas dos estudantes. A primeira representação era do canto das mesas da sala de aula. Comparando a disposição dos segmentos que compõem o canto, com os segmentos da representação das retas perpendiculares, os estudantes puderam realizar uma relação entre as medidas. A segunda representação era de uma reta na horizontal sobre outra reta na vertical.

No segundo encontro, a aula iniciou-se com a apresentação dos sólidos geométricos adaptados com texturas diferenciadas em cada face. Após cada estudante conhecer o material, foi dado ao participante um prisma de base hexagonal. Esse sólido é formado por bases paralelas e de mesmo tamanho, seis faces retangulares que são paralelas quando opostas, perpendiculares às bases e concorrentes com as faces laterais adjacentes. Os estudantes foram desafiados a encontrar no sólido as três posições: paralelismo, perpendicularidade e concorrência.

No terceiro encontro, foi solicitado que cada estudante desenhasse como seria um mapa para ele que representasse o quarteirão do local onde a pesquisa foi desenvolvida. Para tanto, foi fornecida uma folha grossa de EVA e uma folha de papel espesso sobre a primeira. Com a utilização de um lápis, o desenho foi construído (Figura 2). A partir do desenho, foram discutidas as posições das ruas ao redor do local de pesquisa, já representado pelo esquema.

Figura 2 – Desenho do quarteirão no EVA
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