Bertha Lutz

— Maria Eduarda Brandão

Foto: Arquivo/ONU

Além de cientista bióloga, Bertha foi pioneira na luta pelo direito das mulheres no Brasil (voto feminino e emancipação).

Filha da enfermeira inglesa e do médico e cientista brasileiro precursor da Medicina Tropical, Amy Fowler e Adolfo Lutz, a bióloga Bertha Maria Júlia Lutz nasceu em 2 de agosto de 1894 em São Paulo. 

Bertha foi uma grande figura na história brasileira do feminismo na luta pelos direitos políticos das mulheres brasileiras e da ciência e educação no país. Formou-se na Europa, onde cursou Ciências Naturais pela Universidade de Paris (Sorbonne) em 1918, no qual focou sua especialização em anfíbios anuros. Graduou-se também no ano de 1933 em Direito na Faculdade do Rio de Janeiro, hoje conhecida como UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Quando voltou para o Brasil em 1918, passou a trabalhar como encarregada do Museu Zoológico. Bertha alcançou uma série de cargos públicos, em 1919 foi aprovada no concurso público para o cargo de secretária no Museu Nacional. 

No mesmo ano, foi dado o início às atividades de forte cunho feminista na política, Bertha realiza a fundação da Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher e representa o Brasil no Congresso da Organização Internacional do Trabalho (LOPES, 2004). Além disso, no ano de 1922, objetivando incentivar a educação e profissionalização das mulheres, Bertha fundou a FBPF, Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (SOUSA et al., 2005). 

Bertha também organizou o primeiro congresso feminista brasileiro e liderou a luta ao direito de voto da mulher. Direito que passou a ser assegurado com a promulgação da Constituição de 1934  na Era Vargas.

Em 1936, Bertha tornou-se Deputada Federal no qual só pode exercer poder até 1937 pois houve o início da ditadura do Estado Novo por Getúlio Vargas. Como deputada, lutou pela igualdade salarial, redução de jornada de trabalho e licença maternidade de 3 meses.

Entre os mais de 40 anos que Lutz exerceu funcionalismo público no Museu Nacional, ela consolidou a sua carreira científica realizando diversas práticas naturalistas de campo, além de práticas classificatórias dentro do sistema botânico e zoológico. Foi reconhecida também por sua contribuição na área de pesquisa zoológica por seu estudo em espécies anfíbias brasileiras. Assim, Bertha teve também grande papel dentro das ciências naturais.

As contribuições de Bertha construíram uma reputação internacional, de forma que em 1975, ano marcado pela ONU como Ano Internacional da Mulher, a Bertha foi convidada pelo governo brasileiro a participar da delegação do país no I Congresso Internacional da Mulher realizado no México.

Em 16 de setembro de 1976, Bertha Lutz aos 84 anos faleceu na cidade do Rio de Janeiro.   

No ano de 2001, o Senado Federal criou o Prêmio Bertha Lutz, também denominado Diploma Bertha Lutz. O Prêmio contempla mulheres que contribuíram na defesa dos direitos da mulher e em questões de gênero no Brasil. 

Referências

PRADO, Luís Alberto. Bertha Lutz, pioneira na defesa dos direitos da mulher. Blog MultiRio a mídia educativa da cidade. Rio de Janeiro, RJ, 12/08/2014. Disponível em:

<http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/820-bertha-lutz-pioneira-na-defesa-dos-direitos-da-mulher-no-brasil>. Acesso em: 06/04/2021

MENDES, Gabriela. Celebrando Bertha Lutz – a bióloga brasileira que lutou pelo reconhecimento internacional da igualdade de gênero.  Blog Ciência pelos Olhos Delas. Campinas, São Paulo, 24/01/2020. Disponível em: 

<https://www.blogs.unicamp.br/cienciapelosolhosdelas/2020/01/24/celebrando-bertha-lutz-a-biologa-brasileira-que-lutou-pelo-reconhecimento-internacional-da-igualdade-de-genero/>. Acesso em: 06/04/2021

SOUSA, Lia Gomes Pinto de; SOMBRIO, Mariana Moraes de Oliveira; LOPES, Maria Margaret. Para ler Bertha Lutz. Cad. Pagu,  Campinas ,  n. 24, p. 315-325,  Junho  2005 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332005000100016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 06  Apr.  2021.  https://doi.org/10.1590/S0104-83332005000100016.

LOPES, Maria Margaret et al. A construção da invisibilidade das mulheres nas ciências: a exemplaridade de Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976). Revista gênero, v. 5, n. 1, p. 97-109, 2004. 


Escrito por

Maria Eduarda Brandão