mirtic@

Nos entornos da UFABC vivem crianças e adolescentes em situação socioeconômica precária e de alta vulnerabilidade em instituições de abrigamento. O nosso objetivo é iniciar esses sujeitos no aprendizado e potencialização do uso das tecnologias de modo que lhes dê instrumentos para exercer o protagonismo e autoria tanto na vida pessoal/coletiva quanto na sua futura carreira profissional.


Embora numerosos locais na sociedade tenham acesso à internet e computadores, apenas uma pequena parcela das pessoas que utilizam essas tecnologias possuem conhecimentos efetivos para utilizar essas ferramentas além do entretenimento e lazer social. Neste contexto, vivem crianças e adolescentes em situação socioeconômica precária e de alta vulnerabilidade em instituições de abrigamento, sendo que, no ano de 2020, havia 27 mil crianças e adolescentes vivendo em abrigos no Brasil, dessas, 15.800 estão na faixa etária entre 12 e 18 anos (Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento). Apesar desses locais terem acesso à tecnologia, são poucos os indivíduos que possuem habilidades significativas para utilizar os recursos dessa ferramenta como uma forma de empoderamento que venha a se tornar um viés de mobilidade social.

Diante disso, o Projeto MirTic@: letramento e inclusão digital para crianças e adolescentes em abrigos tem como objetivo aprimorar os conhecimentos educacionais desses sujeitos no aprendizado, potencialização e manuseio de tecnologias da informação de modo que lhes dê instrumentos para exercer o protagonismo e autoria tanto na vida pessoal/coletiva quanto na sua carreira profissional, contando para isso com ações desenvolvidas na parceria entre comunidade e universidade.

 É importante ressaltar que o letramento digital se trata de um conjunto de competências necessárias para que uma pessoa entenda e use a informação de maneira crítica e estratégica, em formatos múltiplos, advinda de variadas fontes e apresentada por meio de computadores e celulares conectados à internet, possibilitando que os objetivos sejam atingidos e, muitas vezes compartilhados social e culturalmente (FREITAS, 2010). Ademais, evidencia-se que “o letramento, como é notório, é uma das manifestações do poder nas relações de gênero. Os índices de iletramento com base no gênero são alarmantes, encontrando-se o padrão de maior iletramento entre mulheres do que entre homens generalizado no espectro geográfico e social”, Magalhães (2012). 

Isto posto, nossos esforços concentram-se em instruir crianças e adolescentes residentes em abrigos, principalmente do gênero feminino, a manusearem tecnologias da informação, com o intuito de propiciar uma gama de possibilidades acadêmicas que venham a contribuir para suas formações profissionais, considerando, a todo momento, o empoderamento conferido principalmente a essas meninas por meio do acesso efetivo à educação tecnológica, conhecimento capaz de alterar o aspecto político-social das mesmas. 

A metodologia proposta pelo MirTic@ envolve a promoção de noções técnicas de informáticas no que tange à mobilização de conceitos pertinentes à cidadania digital e à apropriação das diversas formas de expressão propiciadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Os temas previstos para serem abordados compreendem desde aspectos socioemocionais até conceitos básicos de dispositivos computacionais (computadores e smartphones), Sistemas Operacionais, Internet, mídias digitais e sociais, uso de aplicativos de escritórios, em especial aqueles relacionados à construção colaborativa e trabalho em equipe. Ademais, também serão expostas ideias relacionadas à segurança, ética e privacidade no ambiente online. E, dependendo do perfil e interesse dos alunos, outros recursos mais avançados poderão ser ministrados, os quais relacionam-se ao desenvolvimento do pensamento computacional, tal como introdução à lógica de programação (e.g computação desplugada, hora do código), desenvolvimento de jogos digitais e aplicativos. Vale ressaltar que essas ações voltam-se para dois grupos: crianças de 11 a 14 anos e adolescentes de 15 a 17 anos. 

Portanto, é possível entender que o Projeto MirTic@ representa uma oportunidade de levar conhecimento a uma comunidade vulnerável, configurando um importante instrumento de melhoria da qualidade de vida dos beneficiários e dos que se relacionam com eles. O MirTic@ é uma nova proposta do Coletivo Mirtha Lina para aumentar a representatividade de gênero nas STEM, sendo que em sua primeira edição o projeto trabalhará em conjunto com o Lar Pequeno Leão, uma instituição de abrigamento localizada em São Bernardo. E, para capacitar os colaboradores do projeto, foram ministrados seis encontros, os quais compreendem a inserção no lar, o convívio ético e questões de equidade de gênero e desigualdades sociais.

Referências

FREITAS, Maria Teresa. Letramento digital e formação de professores. Educação em Revista, v.26, n.03, pp.335-352, 2010.
MAGALHÃES, I. Letramentos e identidades no Ensino Especial. In: Discursos e práticas de letramento: pesquisa etnográfica e formação de professores/ Izabel Magalhães (org.). Campinas: Mercado de letras, p. 159-194, 2012.

Equipe mirtic@

Carla Rodriguez

Coordernadora do mirtic@ e docente UFABC

Lania Ferreira

Coordernadora do mirtic@ e docente UFABC

Alessandra Teixeira

Colaboradora no mirtic@ e docente UFABC

Cristiane Sato

Colaboradora no mirtic@ e docente UFABC

Débora Medeiros

Colaboradora no mirtic@ e docente UFABC

Guilherme Brockington

Colaborador no mirtic@ e docente UFABC

Maria Eduarda Brandão

Colaboradora no mirtic@ e graduanda UFABC

Melissa Junqueira Lins

Colaboradora no mirtic@ e graduanda UFABC

Michelle Kaori Hamada

Colaboradora no mirtic@ e graduanda UFABC