Victoria Rodrigues


Olá! Meu nome é Victoria, tenho 27 anos. Sou formada em Ciência e Tecnologia e Engenharia Aeroespacial pela UFABC. Concluí recentemente meu mestrado em Engenharia Mecânica, dentro da subárea de Dinâmica de Sistemas nessa mesma universidade. Atualmente estou em busca de um doutorado que faça eu chegar mais pertinho das estrelas (literalmente). Tenho muito interesse em estudar meios de alcançarmos cada vez mais lugares fora do nosso querido planeta Terra. Não que eu não goste daqui (muito pelo contrário!), mas se nosso pequeno planetinha já é tão interessante, imagina o que ainda temos para descobrir fora dele!

Essa curiosidade pelo nosso (ainda) tão desconhecido universo talvez tenha sempre andado junto comigo, mas, por eu não ter conhecido mais a fundo a Astronomia e a Dinâmica Orbital antes da universidade, eu nem imaginava que a exploração espacial era uma possibilidade do ser humano. Claro que eu já tinha ouvido falar na chegada do homem à Lua, dos satélites, dos robôs em Marte…. mas tudo isso era tão inalcançável que o mais longe que eu pensei, até meu ensino médio, foi em estudar algo relacionado à aviação, já que me faria chegar mais perto do céu (parecia ser tão impossível voar, imaginei que seria interessante estudar o “impossível”). E essa ideia até que surgiu cedo, quando eu tinha 11 anos e recebi, na caixinha de correio, um panfleto da Força Aérea convocando meninOs para seguirem essa carreira. Lembro de perguntar para a minha mãe se meninAs também podiam ser engenheiras ou pilotar avião. Tenho muita sorte de ela ter feito de tudo, desde então, para me fazer ter certeza de que eu poderia seguir a engenharia ou qualquer outra profissão que eu quisesse.

O apoio da minha mãe foi realmente essencial todos esses anos. Com 14 anos, eu tive a oportunidade de cursar o ensino médio integrado ao técnico em Mecatrônica no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), meu primeiro contato com a formação em exatas. Na turma, éramos 8 meninas no meio de 28 meninos. Foi estranha e incômoda essa diferença no começo, mas eu sempre lembrava do incentivo em casa. Pouco antes de terminar o ensino médio, descobri que algumas universidades ofertavam o curso de Engenharia Aeroespacial. Fiquei encantada com essa possibilidade! Minha mãe falou (e fala até hoje) que um dia vai me ver na NASA e eu sonho com isso também, apesar de eu hoje sonhar mais em ver a Agência Espacial Brasileira recebendo bons investimentos e se fortalecendo.

Independente do que acontecer de fato no meu futuro, sinto que é uma vitória poder simplesmente sonhar com tudo isso. É uma vitória conquistada por muitas mulheres que lutaram e que ainda lutam até hoje para ocuparem os espaços que foram destinados somente aos homens. É com muito orgulho e gratidão que eu sinto que eu ocupo um desses espaços hoje e faço questão de apoiar as próximas que virão. E se você, menina/mulher, chegou até aqui, olhe com carinho pra si mesma e perceba que você tem uma capacidade incrível de sonhar e alcançar os lugares que você quiser. Se ninguém te falou isso em casa ou na escola, eu estou te falando agora, confia em mim. Você vai ver que, ao longo do caminho, por mais difícil que seja, encontramos apoio de outras pessoas e nos inspiramos em outras mulheres. Por mais que você encontre ainda quem incentive a cultura de rivalidade entre nós, você vai ver que juntas sempre somos mais fortes 🙂

— Publicado em 11/08/2021

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