Jéssica Verônica


Olá Min@s! Meu nome é Jéssica Verônica, sou graduanda em Ciência e Tecnologia e em Biotecnologia pela UFABC, missionária da Comunidade Católica Shalom e muito feliz!

E, como uma boa fã de ficção científica e histórias de detetives, sempre me interessei pela ciência como uma maneira de unir essas minhas duas paixões: o uso da tecnologia na busca de solução de problemas. Contudo, os sonhos são lindos, mas as realidades na periferia de São Paulo nem sempre são favoráveis aos sonhos, e sei bem disso. Me tornar cientista, me lançar na tecnologia que tanto me atrai, parecia um sonho um pouco distante. 

Por providência e muito apoio dos meus pais, que sempre se sacrificaram para eu seguir os meus sonhos, comecei um curso de capacitação profissional (desses que eles prometem estágio mas, na verdade, é um curso, sabe?), e tive meu primeiro acesso ao computador com 11 anos, me apaixonando pelo Linux, aprendendo um pouco sobre HTML (que eu odiei, aliás) e, logo de cara, percebi uma certa afinidade com a informática. Porém, não dei tanta atenção e segui focada na biologia, matéria que eu mais me garantia.

O tempo passou, terminei o curso, vivi as correrias do ensino fundamental, descobri que tinha dificuldades concretas com matemática e estudei sozinha para entrar no ensino técnico. Queria algo com biologia ou farmácia, mas também queria estudar informática e estava um pouco perdida, pois não conseguia associar o que me interessava e estava com um medo absurdo de optar pela computação e descobrir que as minhas dificuldades com a matemática me limitavam. 

Contudo, conversando com o melhor professor de matemática que já tive, Douglas, escutei: “Jéssica, você será boa em tudo que você quiser ser”. Escutar isso da pessoa que mais sabia das minhas dificuldades com a matemática me comoveu e motivou. Afinal, até aqui o esforço valeu mais do que os “dotes inatos”. Assim, ingressei no técnico em Meio Ambiente e lá conheci a Biotecnologia. O nome por si só me chamou a atenção. Procurei universidades que tivessem o curso em São Paulo, pois não podia morar longe pela falta de dinheiro, e não encontrei nenhuma na época. Fiz o ENEM, ingressei em Tecnologia em Informática em Saúde, conheci ali a Bioinformática e me apaixonei. Eu queria ser bioinformata, era isso! Mas ainda queria outro curso na faculdade, mesmo sabendo em qual área queria seguir. 

Fiz o ENEM novamente pois queria entrar na UFABC, onde pudesse construir o meu caminho como bioinformata de um jeito mais “a minha cara”. Os cálculos e as físicas me assustaram? Muito. Me desanimaram? Às vezes. Era inevitável ver que os meus amigos conseguiam lidar com a matemática com tanta facilidade e eu precisava do dobro de tempo, muita calma e monitorias para lidar com o mesmo conteúdo. Porém, ao contrário de muitos que apenas precisavam da nota para seguir em frente, eu sabia que cada passo, cada dificuldade vencida, era um degrau mais próximo de estudar o que me interessava, era uma ferramenta que faria sentido um dia. 

Logo nos meus primeiros dois anos na UFABC, tive a minha primeira oportunidade de trabalhar num projeto de Modelagem Molecular, onde pude utilizar da biologia computacional para pesquisar potenciais fármacos para inibir uma proteína de interesse em meio a uma infecção viral. Era uma verdadeira obra de arte ver a dinâmica molecular rodando, os valores, as imagens, os resultados. Finalmente, a física estava se tornando interessante, a tecnologia estava sendo aplicada em problemas que me interessavam. Posteriormente, ainda tive a oportunidade de ser monitora de Transformações Bioquímicas e aluna no Programa de Educação Tutorial – Ciência, Tecnologia e Inovação da UFABC, colocando o que eu amo de forma acessível a outros estudantes, bem como para a comunidade externa à universidade.

Mas, e a bioinformática, Jéssica? Como seguiu? Bom, providencialmente, conheci a pesquisa da Profa. Marcela Sorelli e ela resumiu o meu sonho em uma reunião. Lembra da minha vontade de utilizar a tecnologia para investigar problemas? Pois bem, atualmente, junto a Profa. Sorelli, estou utilizando espectroscopia vibracional como um novo método para entender doenças renais crônicas, colocando em prática o vasto conhecimento sobre física, química e biologia que a UFABC me proporcionou, para entender a progressão dessa doença. Mas e a informática? Bom, eu analiso todos esses dados, obtidos por espectroscopia, utilizando data science! Isso mesmo, ciência de dados! Atualmente estou aprendendo sobre programação utilizando a linguagem R para melhor visualizar os meus dados, que é uma das linguagens de programação mais utilizadas na bioinformática, junto com o Python. Se estou feliz? Demais! Animada? Vocês nem imaginam o quanto! Posso dizer que ser cientista é a melhor junção da ficção científica com as histórias de detetive (risos), e espero um dia atualizar esse texto com os novos caminhos que essa fascinante área está me levando a percorrer. Pois, basta você saber que “você será boa em tudo o que você quiser ser”.

— Publicado em 18/08/2021

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